O “cubo” é “uma experiência que envolve a luz certa, a música certa, o toque, a sensação” em três lojas Fast Shop de três capitais.
Em setembro de 2016, Andreas Burmeister, Ilan Vasserman e Amit Eisler tinham a apresentação de sua startup do sono na ponta da língua. Como uma legítima DNVB (“digitally native vertical Brand” ou “marca vertical digitalmente nativa”), por definição, sabiam que a natureza de seu negócio era se relacionar diretamente com o consumidor final tanto quanto com seus fornecedores. Na apresentação, entretanto, abriam um parêntese para falar de possíveis parceiros futuros. “Dizíamos que, se um dia fôssemos para o varejo, iríamos com a Fast Shop”, lembra Amit Eisler. Exatamente três anos depois, a Zissou é uma empresa avaliada em 48 milhões, anunciando aliança com a própria Fast Shop que envolve seus produtos nas lojas de todo o Brasil, participação minoritária e a criação de “cubos” imersivos em três lojas de três capitais.
“Planejamos os cubos como um oásis de desconexão funcionando em pleno mundo da conectividade e tecnologia, que é a Fast Shop”, diz Eisler. “Tudo foi desenhado para motivar o visitante a se desconectar para depois se reconectar. É uma experiência que envolve a luz certa, a música certa, o toque, a sensação”, diz.
Entre as 100 lojas da rede Fast Shop, três foram escolhidas para lançar o espaço: Bourbon Shopping, em São Paulo, Barra Shopping, no Rio de Janeiro, e o Salvador Shopping, em Salvador. Outras lojas devem ser anunciadas nos próximos meses, em outras capitais e cidades do interior paulista. Paralelamente, as outras lojas contam com um display das famosas caixas bed-in-a-box com uma experiência diferenciada de conteúdos de desconexão e relaxamento. O cliente pode adquirir os colchões e outros produtos Zissou nessas lojas e levá-los no porta malas do carro.
A parceria entre as marcas já rendeu o Movimento Pause, que mobilizou diversos influenciadores digitais numa ação pela reflexão sobre a importância de “pausar” a rotina hiperconectada dos grandes centros. Segundo o gerente de marketing da Fast Shop, Vinicius Rodrigues, a união com a Zissou é uma extensão da missão da rede, “cuidar dos clientes por toda vida”, o que implica, no caso, cuidar também da qualidade de seu sono. Eisler lembra que desde as primeiras reuniões ficou claro os pontos de contato. “Há um alinhamento muito grande de público-alvo, em primeiro lugar”, diz. “Falamos com gente interessada em tecnologia, em design e inovação. E ambas as empresas são obcecadas com a experiência que oferecem ao consumidor.”
O encontro de Zissou e Fast Shop, de certa forma, reflete no Brasil o casamento perfeito entre DNVBs e empresas líderes do varejo – algo que já ocorre nos Estados Unidos entre a grife Bonobo e o Walmart ou entre a marca de colchões Casper e a Target. “O grande ativo de qualquer DNVB é sua marca e sua familiaridade com a transformação digital. Por outro lado, seu grande desafio é ganhar escala e capilaridade sem rasgar milhões em marketing”, diz Eisler. “Para um grande varejista, uma DNVB pode representar seu passo em direção ao mundo de hoje e também uma forma de oferecer produtos exclusivos, que não estejam nos marketplaces.”
Além de trazer para o Brasil o conceito de bed-in-a-box, a Zissou também inovou com a política de teste que dá ao cliente 100 dias para se adaptar ao colchão. Desde a segunda semana novembro, quando chegaram as primeiras caixas ao estoque da Fast Shop, a startup dá um salto de amadurecimento com uma estrutura de logística e estoque para pronta-entrega bem a tempo das promoções de Black Friday e natal. “Estamos mostrando como os mundos on e offline são complementares”, diz Eisler. “E como marcas que nascem digitais não precisam, necessariamente, se restringir a isso, e continuar chegando ao consumidor numa experiência impecável, superbacana, ainda sem intermediários desnecessários. É só uma questão de encontrar o parceiro certo.”